Durante os Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, realizados em Washington na última semana, o Brasil apresentou uma das iniciativas mais ambiciosas já vistas na agenda climática global: o plano internacional para mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 em financiamento climático.
A proposta foi lançada pelo Círculo de Ministros de Finanças da COP30, liderado pelo ministro Fernando Haddad, e integra o Mapa do Caminho de Baku a Belém, uma estratégia que conecta as decisões da COP29 (Azerbaijão, 2024) às metas da COP30, que será realizada em Belém do Pará em novembro de 2025.
Uma nova arquitetura financeira para o clima
O relatório, com 111 páginas e elaborado após mais de 25 consultas formais e 1.200 contribuições internacionais, propõe reformas nos bancos multilaterais de desenvolvimento e a criação de instrumentos financeiros inovadores.
O objetivo é destravar o fluxo de capital que hoje chega de forma desigual: apenas 10% do financiamento climático global alcança os países emergentes, embora estes concentrem a maior parte da vulnerabilidade aos impactos ambientais.
Com o apoio de 35 países, incluindo China, Alemanha e França, o plano propõe medidas que conciliam crescimento econômico, justiça climática e transição ecológica.
Cinco eixos de transformação financeira
O documento destaca cinco frentes prioritárias de ação:
- Reformar os bancos multilaterais de desenvolvimento (BMDs), para ampliar empréstimos, criar garantias e expandir o crédito concessional.
- Expandir fundos climáticos internacionais, com juros menores e prazos mais longos para países vulneráveis.
- Criar plataformas nacionais de investimento verde, fortalecendo capacidades locais e atraindo o setor privado.
- Acelerar instrumentos financeiros inovadores, como títulos verdes, blended finance e garantias públicas.
- Aprimorar marcos regulatórios globais, promovendo transparência, integridade e interoperabilidade entre taxonomias sustentáveis.
O papel do Brasil na COP30
O protagonismo brasileiro se reforça com duas iniciativas centrais:
- A Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), aprovada em setembro de 2025, que será destaque na COP30 por incluir critérios sociais e setoriais inéditos.
- O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que propõe um modelo de remuneração permanente a países que preservam florestas em pé.
O fundo, estruturado dentro do Banco Mundial, pretende levantar US$ 125 bilhões, combinando recursos públicos e privados, e destinar 20% dos pagamentos diretamente a povos indígenas e comunidades locais.
A virada de chave: finanças a serviço do clima
A iniciativa reforça o papel estratégico dos ministérios da Fazenda na transição para uma economia de baixo carbono, deslocando o debate climático de uma pauta ambiental isolada para o centro da política econômica global.
Como declarou o ministro Haddad, “nenhuma transição verde é possível sem o trabalho dos ministérios da Fazenda”.
O relatório do Círculo de Ministros será apresentado oficialmente ao presidente da COP30 em Belém e deve servir como base para um novo consenso internacional de financiamento climático.
O Brasil no centro da transformação
Com o lançamento deste plano, o país consolida sua posição de liderança em políticas climáticas e financeiras, oferecendo uma ponte entre o Norte e o Sul globais.
A EcoFusion Expo 2026 acompanhará de perto essa agenda, que redefine o papel do Brasil como protagonista de soluções econômicas sustentáveis, capaz de transformar compromissos climáticos em oportunidades reais de desenvolvimento.
Referências
CNN Brasil (2025); Ministério da Fazenda (2025); Agência Brasil EBC (2025); Portal COP30; Climate Policy Initiative (2025); G1 (2025).

